segunda-feira, 31 de dezembro de 2018

Muita Paixão das Auroras passadas. Nada ficou esquecido, tudo é guardado no escaninho da memória e do coração. Cada momento. E vamos para outra Aurora de Um Novo Ano. Passagem do Ano de 1930 para 1931. Iara da Ilha. — sentindo-se encantada em Florianópolis - Ilha da Magia - SC.




Ano Novo de 1931
A  alma humana, a mais scéptica, e mais prosaica, 
a mais experiente  e prosófica, tem reflexos doirados 
de espererança, na mais  mentirosa das auroras - 
a que marca a vinda de um no vo ano. 
E todos nós "As crianças grandes", nos sentimos 
transportados ao mundo, diabólicamente rico, 
dos sonhoes, e nos encontramos a pedir e 
a esperar um sem - fim de cousas lindas!....
Oh a alma confiante das "crianças grandes"...
como é mentirosa a aurora de um Ano- Novo, 
em que cada qual constrói, com carinho e desvêlo, 
castelos formidáveis, que as outras auroras, 
num silêncio, infinitamente grande e eloquente, 
as outras auroras, dentro, dentro da vertiginosa 
pressa com que o tempo passa; as outras auroras, 
menos mentirosas mas mais impiedosas, destroem, 
derrubam, arrazam, pulverizam, e o vento da desilusão espalha, 
completando-lhes a obra!....
Como é enorme o poder desta aurora feiticeira, 
que nos faz esquecer toda a grande luta em que 
os homens se engolfam uma vida inteira; que 
nos faz conceber, embora por instantes fugidios, 
a fantasia duma hamonia pefeita entre as criaturas,
 harmonia de que resultaria  preceito de  (...) 
Dai a César o que é de César.
A vida não teria uma razão de ser, se não houvesse 
esta incerteza. este desejo, muito humano, de ascender;
 esta incontetabilidade que a transforma num Jôgo de cabra-cega, 
onde andamos a- procura - de qualquer cousa que nos faltará, 
sempre, infinitammente sempre, e que chamamos felicidade.
Todavia, valem bem á alma torturada do que sonha, 
e do que luta, as radiosas mentiras com que nos acena 
a aurora do Ano - Novo.Que importa sejam elas mentiras?
Que importa os homens se saturem de egoismo?
Que com ele sufoquem todos os idealismos sãos?
Que transforme os tresentos - e sessenta - e - 
cinco dias em outros tantos sepulcros para o 
tudo o arquitectado, com o carinho e a paciência 
do artista, exitente em cada criatura.
Olha se, embora entristecidos, para os destroços 
dos sonhos perdidos, e tem-se a suprema ventura 
ou a coragem suprema de apegar-se á esperança 
de uma nova aurora, mentirosa e feiticeira, portadora 
das concretizações, inatingidas, quase sempre...
E, assim seguindo o conselho do Mestre, recomeça-se
É o eterno e rápido rodopiar na successão dos ciclos vitaes das criatura. 

Iara da Ilha

Ano 1931\Edição 00738
http://memoria.bn.br/DocReader/DocReader.aspx?bib=843709&PagFis=2&Pesq=

Não ser somente uma fotografia numa prateleira

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