domingo, 3 de agosto de 2025

O músico EITOR BERLIOZ, HEcror BERLIOZ. vers 1863. H. 23,5 cm; L. 16,5 em. B.N., Est. Nom inscrit de la main de Nadar,

 

 


 O TEXTO ESTÁ TRUCADO POIS COPIADO DIRETO DA REVISTA.

E PERDI O ALBUM DE FOTOFRAFIA DOS ILUSTRES CRI ABERTA MAS FECHEI E AGORA, JÁ FUI DIRETO NO SISTEMA MAS SÃO MILHARES DE ITENS PARA ENCONTRAR O QUE DÁ NO MESMO BUSCAR. 

 Quando, aos 19 anos, Eitor Berlioz foi para Paris estudar medicina, eram bem rudimentares os conheci| mentos de técnica musical de quem ia, em breve, fazer na música uma assombrosa revolução
solfejava quando muito, e tocava... viola, mas le| vava consigo a maravilhosa intuição || do gênio.

Estava-se, em pleno romantismo.
ra a época das emoções, das lutas, dos furores, dos arrebatamentos, da dedicação, sem limites, à arte. (Teófilo Gautier.)

«Les môres inquittes avaient mis au monde une géntration ardente, púle, nerveuse,. coeur les esprits exaltês, souffrants, toutes | les âmes expansives qui ont besoin | |

de Pinfini plitrent la téte, en pleu rant; ils s'enveloppérent de réves maladifs et Pon ne vit plus que de || fréles roseaux sur unvocein d'amer|| temer. (A. Musset. Confession d'un

 enfant du siêde)..... e Berlioz foi bem a encarnação do seu tempo. Essa estranha vida que os escritores representavam nas suas obras, viveu-a êle,

Desde os 12 anos que o amor o lança na exaltação e no sofrimento, e essa dolorosa loucura do amor acompanhá-lo-á até ao leito de morte.

«Le vertige me prit et ne me quitta plus. Je mesperais rien,..... je ne sa

vais rien, mais Téprouvais au cur une douleur profondes. (Memórias, tômo 10.) à Estudante de medicina por imposição do pai, confranjia-se, Orrorizava-o à ideia de que ia dissecar cadáveres, ver operações mor, «uosas, & ouvir o estertor doravoir pastes, êle. que já sonhava ssse ant aimtitter Vempyrée pour loven, ou S) de la terret» ! aimé peutiéireEssa onive ne men console p.rdo,

 Realizar-se, quando Berlioz, que nunca pusera os pés numa sala de espetáculo, caiu numa noite, em plena  ópera.
  

Não erm ainda Glúck, eram as Danaides de Salieri; mas a pompa e o brilho do espectáculo, a marcha armoniosa da orquestra e o talento patético da principal intérprete(a célebre M.”* Branchu) levaram àquela alma de entusiasta ardente uma grande perturbação.

«pétais comme un jeune homme aux instincts navigatenrs, qui n'ayant jamais vu que les nacelles des lacs-de ses montagnes, se trouverait brusquement sur un vaisseau à trois ponts en pleince mer.

Je ne dormis guéxe, on peu le croire, la nuit qui suivit cette réprésentation et la leçon d'anatomie di lendemain se vessentit de mon insomnic»,

Ressentiu-se, e para sempre, porque a Opera será desde então a sua obsessão. .

A anatomia ser-lhe-4 odiosa e passará, oras inteiras, à tarde, a reflectir

“estudos e as suas aspirações. (Memórias, 1º volume). A Opera fascina-o. Volta uma, muitas noites. A sua exaitacão é indescritível. Lê biografias de

=D músicos; lê a biografia de Gliick, , apaixona-se por Gliick e detesta Piccini. Sente uma antipatia profunda

Teatro-italiano.

Que conhece de Ghick, contudo, - êsse jovem entusiasta?. +.» A bios

O rrafia. Mas Gliick exerce no seu

espírito uma atracção inesplicável; é

um impulso misterioso que o leva

com a intuição do génio, pressente luminosas,

A biblioteca do Conservatório está aberta a toda a gente e lá poderá estudar as obras de
Gliick, dizem-lhe, e Berlioz não resiste. Entra no Conservatório para nunca mais voltar á Escola de Medicina, A sua educação é miserável, mas a sua vontade é sobre-umana. Lê e relê as partituras de Gliick, quer e compreender, e consegue-o!

Mas não se contenta em lê-las; decora-as! Glúck faz-lhe perder o sono; esquece-se de comer e de beber; delira, N dia em que vê, enfim, “a em Aulida, a

na triste contradição entre os seus |

pelos italianos e compraz-se em fazer || ir pelos ares, na sua imajinação, o

para rejives do desconhecido que êle, ||



Não erm ainda Glúck, eram as Danaides de Salieri; mas a pompa e o brilho do espectáculo, a marcha armoniosa da orquestra e o talento patético da principal intérprete(a célebre M.”* Branchu) levaram àquela alma de entusiasta ardente uma grande perturbação.

«pétais comme un jeune homme aux instincts navigatenrs, qui n'ayant jamais vu que les nacelles des lacs-de ses montagnes, se trouverait brusquement sur un vaisseau à trois ponts en pleince mer.

Je ne dormis guéxe, on peu le croire, la nuit qui suivit cette réprésentation et la leçon d'anatomie di lendemain se vessentit de mon insomnic»,

Ressentiu-se, e para sempre, porque a Opera será desde então a sua obsessão. .

A anatomia ser-lhe-4 odiosa e passará, oras inteiras, à tarde, a reflectir

“estudos e as suas aspirações. (Memórias, 1º volume). A Opera fascina-o. Volta uma, muitas noites. A sua exaitacão é indescritível. Lê biografias de

=D músicos; lê a biografia de Gliick, , apaixona-se por Gliick e detesta Piccini. Sente uma antipatia profunda

Teatro-italiano.

Que conhece de Ghick, contudo, - êsse jovem entusiasta?. +.» A bios

O rrafia. Mas Gliick exerce no seu

espírito uma atracção inesplicável; é

um impulso misterioso que o leva

com a intuição do génio, pressente luminosas,

A biblioteca do Conservatório está aberta a toda a gente e lá poderá estudar as obras de Gliick, dizem-lhe, e Berlioz não resiste. Entra no Conservatório para nunca mais voltar á Escola de Medicina, A sua educação é miserável, mas a sua vontade é sobre-umana. Lê e relê as partituras de Gliick, quer e compreender, e consegue-o!

Mas não se contenta em lê-las; decora-as! Glúck faz-lhe perder o sono; esquece-se de comer e de beber; delira, N dia em que vê, enfim,

 e à noite ao sair da ópera, sob uma emoção esmagadora, jura que será músico, seja-o, embora, contra pai, mãe, tios, tias, avós. e amigos. (Memórias, tômo 1.º, capítulo V.) Este juramento vai custar-lhe provações eroicas, mas anima-o o fogo sagrado.

O. culto da música torna-se para êle um culto divino'e nisso é faná-

tico. Gasta na Opera a sua magra ||

mesada de estudante, As representações são solenidades para que se prepara, pela leitura e pelo estudo febril das obras que vai ouvir. Com

| alguns habituês da geral, forma o grupo dos fanáticos. Reanima o fer-

vor da seita «, des prédications dignes des sa: ER -simos E

A sua ânsia de proselitismo vai até pagar os lugares dos tímidos e dos indecisos e leva-os ao teatro, de vontade ou... á fôrça!

São os seus omens; recomendalhes que cheguem cedo e escolhelhes os melhores lugares que variam para cada ópera, e até para cada cenário.

Tira então do bolso o dibretto, e, antes de subir o pano, lê e comenta o assunto; canta à seguir as passajens mais salientes, esplica os processos de instrumentação e «fanatise

| Pavance ses ouailles (Edmond Hip-

peau: «Berlioz et son temps»). Aplaude com frenesi coisas belas em que mais ninguem repara, ou

invectiva os atentados que músicos e | | cantores cometem, alterando as obras |

do mestre.

Quem se atreve a emendar Glick?

E" um doido que causa escândalo!

Belo e santo entusiasmo de que os filisteus se rirão, mas que alguém comoverá.

Podia este omem atrasado no fogo da arte deixar de vir a ser um grande artista criador?

Não é faculdade maravilhosa do génio transpor o insuperável e seguir o seu destino?

Mas Berlioz teve de transpor, na verdade, o insuperável.

Conselhos, suplicas, admoestações, ameaças de seu pai, que êle, no entanto, amava muito, encontram-no inabalável. E'-lhe tirada a mesada e ele faz-se corista num teatro de ope-

reta, para não morrer de fome, O seu |

espírito é já um vulcão, mas quando em breve se lhe revelarem Weber e Beethoven, ao mesmo tempo que Gethe e Shakespeare, aquele espírito, bem grande, sentir-se-á cheio.

« Cétait le temps des grands enthowsiasmes, des grandes passions musi-

ales, des longues réveries, des joies infinies inexprimables».

Aneisprimíveis por palavras, mas na música sente êle a sublime linguajem dos sentimentos e das paixões.

Vem-lhe então a necessidade imperiosa de por sua vez compôr óperas, compôr sinfonias, e tem a certeza de que fará coisas belas, arrebatadoras, mas, facto doloroso, reconhece. que não sabe escrever.

Momentos: de angústia, mas não de desánimo. Aprenderá, e entra no Conservatório, Quere começar pelo fim e vai para o curso de composição de Lésueur; dizem-lhe, porém, que não sabe fuga e contraponto, nem mesmo armonia e que é indispensável aprender isso. Berlioz estuda com entusiasmo, porque tem pressa de ser músico, mas reconhece, em breve, a chateza das formas convencionais e das «teorias antediluvianas » (memórias) e indispõe-se com os professores que viam nêle um Z»reverente, Concorre ao prémio de composição e é eliminado nas provas preparatórias de fuga e contraponto, e só depois de concorrer quatro vezes, obtém, aos 27 anos, o desejado primeiro prémio que êle só queria por ser a sua consagração como músico perante a familia e o subsídio do govêrno para viajar na Itália e na Alemanha,

A” muito, todavia, que rompeu com o ensino oficial, Os seus mestres são Gliick, Weber e Beethoven e os seus inspiradores: Verjílio, Gasthe e Shakespeare! que emoção! e que paixão tumultuosa lhe inspira Miss Smithson, a fair Ophelia que a seus olhos incarnava o génio do poeta!

«Melancholie, aliliction, Jrénési e enfer méme, elle donne à tout je ne

|| sais quel charme et quelle grácetm

Esse amor é um grande e sublime

' momento na sua vida, «O mais belo

fenómeno que se conhece no romantismo vivido» (Julien Fiersot). A exaltação daquela alma em que tudo era tão grande, chega-ao parocsismo; Erra pelas ruas de Paris, foje pelos campos, passa noites á beira do Sena. gelado!

As suas meditações são negras, sente despedaçar-se-lhe o coração, e na sua, vida, como na de Hamlet, à lágrimas, á luto, á catástrofes! Mas dessas catástrofes sai um artista divino e uma obra prima sem precedentes: a Sinfonia-Fantástica !

Berlioz é já mestre, e que mestre!"

Os moldes de Gliúck, de Weber e de Beethoven possui-os êle, não para os imitar, não para os copiar, mas

fazer Os seus, Ê Ele não é o omem de «métier »,

não“Sabe os trucs, não toca piano,

o recebeu a preparação consagrada e isto orroriza os sábios.

Mas é o génio, a intuição, o entusiasmo, a espontaneidade.

Abriu-se para a Música uma nova era e uma nova Arte, insólita e inesperada, e Roberto Schuman, o sombrio, o pessimista Schuman dirá; «é belo e excede Beethoven ».

Ah! Mas êle fala com eloquência divina, e a sua geração. O profanum vulgus quere cavatinas e Berlioz nesse jardim povoado por

«« balbucia, |

macacos, a que chama a bela Itália, |

pouco pôde colher.

Ele defende a causa do Romantismo, êle é o maior dos românticos, mas os seus irmãos não o compreendem; pintores, escultores, e músicos são rossinistas,

A educação musical dos literatos é |

baixa.

Musset é um dilettante furioso do Teatro-ltaliano e Gautier escreve «La musique est de tous les bruits le plus couteux et le plus desagriables tt!

Na Alemanha tem soberbas oras de triunfo. Romeu e Julieta, as Cenas do Fausto, a Sinfonia Fantástica despertam um entusiasmo louco; aplausos intermináveis, abraços, lágrimas, batutas de prata que os seus músicos lhe ofereceram, cartas e coroas enviadas por mãos desconhecidas. Mas as oras de triunfo não compensam as da amargura.

Paris vê nele um homem estraordinário, sim, mas doido, paradocsal, E afinal, Paris tinha razão; êle não era ómem de seu tempo, êle nascera cinquenta anos mais cedo, êle era úmem paradocsal na verdade. A sua instrumentação é guiada por um instinto misterioso € Os seus processos escapam à análise, diz Camille SaintSãens, porque não ezistem; les :: truments paraissent disposés en dépit di sens comun; il semblerait pour emplover Pargot du méticr que cela ne dit pas sonner et'cela sonne merveileusement, » Portraits et Souvenirs).

Paris acolhe com desdém a Conde- ||

nação de Fausto, que cai miserável. mente! (Como isto oje nos parece bárbaro, monstruoso, infame!

daquela soberba Introdução, o Córo |

EM Páscoa, a Cena das marjens do ba, o admirável “final da II Parte, A Balada do pei de Tule, à Invocação à natureza não eram ainda música sublime!?

Um abismo profundo separa então Os nossos sentimentos dos daquela época e dir-se-ia que aqueles omens

não foram nossos ascendentes imediatos, mas abitantes a China primitiva n'um planeta remoto. |

A Condenação de Fausto é acolhida | com desdém e Berlioz que nela pusera todo o seu génio sofre um golpe profundo de que não mais se restabelecerá. Passa pela sua alma uma tristeza mortal. Está pobre e cheio de | dividas, porque, para editar e fazer |

ouvir as suas obras foi preciso gastar ||

muito dinheiro, e elas só endivida- | ram. Sua mulher, Enriqueta Smithson, | a que fôra a fair Ophelia, está | paralítica incurável; seu pai, que êle amava muito, morre e nesse longo período de desolação Berlioz só pode escrever a Marcha Fiúnebre de Hlamlet, em que põe por epigrafe estes versos de Ovídio: | Qui viderit úllas De lacrymis factas sentiet case meia,

A suave Infância de Cristo traz-lhe depois um sucessso, mas Berlioz acha-o calunioso para o resto da sua obra, e finalmente a queda estrondosa dos Troianos, seguida da morte de seu filho único, ê pode dizer-se, à | causa da sua morte, porque Berlioz sucumbiu a uma neurose gastro-intestinal, filha sem dúvida de uma neu-

rastenia. As suas últimas palavras | são um grito de descrença: « Tudo me ||

É indiferente ».

| cialmente dramático vai ficar 0 sin= | foni:

| é baseado numa eresia e á de cair.

| êle disse de Beethoven: «é a música

| volumes de correspondência íntima, | bastariam para fazer uma reputação

| Beethoven, Goethe, Verjílio e Sha-

A acção de Berlioz na música sin-

fónica nenhuma outra tem que a iguale.

Chamou-se a Wagner o músico do. futuro e é curioso ver o que o futuro responde.

Contra o drama wagneriano acen= tua-se uma reacção muito viva e não deixa de ser interessante que do Wagner, reformador do drama musical e a quem chamaram gênio essen-

a, figura bem acentuada, sem dúvida, collossal, mas que, não é menos certo, proceda de Liszt e de Berlioz.

Noutra ordem de ideias, um dos maiores músicos vivos, Camilo SaintSãens tem uma opinião mais radical sôbre a influência que Wagner e Berlioz virão a ter na música do futuro.

Desde que João Bach, diz SaintSãens, fez triunfar a enarmonia com o Clavecin bien tempré as formas da arte foram renovadas, mas êste triunfo

Que ficará então da música actual? pregunta Saint-Sãens, e responde: «Talvez só Berlioz, que não sabia piano e tinha um orror instintivo pela enarmonia; e nisto é êle a antitese de Ricardo Wagner, a enarmonia feita omem!

Em Berlioz, o músico é pois digno de uma admiração escepcional e dele e da sua música podemos dizer o que

de uma esfera superior... zu. ..«

«um Titan, um arcanjo, um trono, uma dominação ; podia e devia mesmo ter parafraseado a apóstrofe do Evanjelho e dizer: omens o que à de comum entre mim e vós?»

Mas, em Berlioz á que admirar o crítico, o primeiro crítico musical da sua época sem contestação, diz GC. Saint-Sáens (Portraits et Sonvenirs), o prosador finissimo duma elegância perfeita e de uma graça ineiscedivel.

Os seus sete volumes de crítica, de viajens, e de memórias, e os dois

literária, O seu amor à arte foi grande e puro e pelos seus pais, Glúck, Weber,

kespeare teve sempre um culto terno e comovente,

A* na última pájina das suas | Memórias estas palavras: «J/ ant me consoler de n'avoir pas cont Virgile, que jeusse tant aimé, O Gliick, ou Beethoven, ou S) qui m'eât aimé peu est vrai que je ne men console pa

Na primeira pájina dos Troianos | escreve: Divo Virgílio, e quando um | “dia a orquesta do príncipe de Hohen- | zollerm ezecuta majistralmente Romeu | é Julieta, que o mestre de capela do principe esclama «não, não, nada á mais belo» que a orquesta se levanta arrebatada e que estala um aplauso | imenso, Berlioz em eistase vê luzir no ar o olhar sereno de Shakespeare | e diz baixinho « Father, are you con- | tent?» (carta a Humberto Fernand, de q de maio de 1863). |

Oje Berlioz está em plena glória, | mas o futuro há de proclamá-lo a |

mais bela e a mais caraterística figura 

de artista do seu tempo, o mais digno de ser amado. Genial como músico, sim; mas a música era apenas a linguajem natural da sua grande alma, dessa alma em que tudo foi estremo: amor e ódio, alegria e tristeza; que sofreu, até ao fim, dores cruciantes e ineiscedíveis, mas que conheceu eistases ignorados; que chorou lágrimas

amargas de tristeza e chorou lágrimas |

duma alegria inefável. E essa alma, tão grande como era,

|| ficou-nos para sempre nas suas obras.

 

 

Portugal 12 de janeiro de 1910 

TExto escrito por João da Silva Figueiredo.

in «A Águia» (http://www.citi.pt/cultura/literatura/poesia/j_g_ferreira/aguia.html). no CITI.

esse que é o problema de cortar eu sei onde está mas quem  mais sabe? 


Imagem do Berlioz, Eitor Berlioz, ou Hector Berlioz 

 [Recueil. Portraits de musiciens et de compositeurs]
https://gallica.bnf.fr/ark:/12148/btv1b8438647v/f31.item.zoom#
itre :  [Recueil. Portraits de musiciens et de compositeurs]
Date d'édition :  1860-1880
Sujet :  Musiciens -- Portraits
Sujet :  Compositeurs -- Portraits
Sujet :  Portraits -- 19e siècle
Notice du catalogue :  http://catalogue.bnf.fr/ark:/12148/cb40355436b
Type :  image fixe
Type :  photographie
Langue  :  Sans contenu linguistique
Format :  1 album de 50 photographies positives sur papier...
Format :  image/jpeg
Format :  Nombre total de vues : 50
Droits  :  Consultable en ligne
Identifiant :  ark:/12148/btv1b8438647v
Source  :  Bibliothèque nationale de France, département Estampes et photographie, 4-NA-290
Conservation numérique :  Bibliothèque nationale de France
Date de mise en ligne  :  27/06/2011


IX. Ritter Christoph von Gluck

https://daten.digitale-sammlungen.de/0001/bsb00010207/images/index.html?fip=193.174.98.30&seite=11&pdfseitex= 

Lipowsky, Felix Joseph / Winter, Heinrich E. [Illustrator]: Portraite der berühmtesten Compositeurs der Tonkunst, [München], [1813-1821] 

 

Nadar : [exposition, Bibliothèque nationale, Paris, 19 mars-16 mai 1965] / Bibliothèque nationale ; [cat. par Alix Chevallier] ; [prèf. d'Étienne Dennery]
Chevallier, Alix (1938-....). Auteur du texte

https://gallica.bnf.fr/ark:/12148/bpt6k6456858c/f69.item
https://gallica.bnf.fr/ark:/12148/bpt6k6456858c/f87.item


Titre :  Nadar : [exposition, Bibliothèque nationale, Paris, 19 mars-16 mai 1965] / Bibliothèque nationale ; [cat. par Alix Chevallier] ; [prèf. d'Étienne Dennery]
Auteur  :  Chevallier, Alix (1938-....). Auteur du texte
Auteur  :  Bibliothèque nationale (France). Auteur du texte
Éditeur  :  Bibliothèque nationale (Paris)
Date d'édition :  1965
Contributeur  :  Dennery, Étienne (1903-1979). Préfacier
Sujet :  Nadar (1820-1910)
Notice du catalogue :  http://catalogue.bnf.fr/ark:/12148/cb35772705v
Type :  monographie imprimée
Langue  :  français
Format :  Non paginé : ill., couv. ill. ; 21 cm
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Format :  Format adaptable de type XML DTBook, 2005-3
Description :  [Exposition. Paris, Bibliothèque nationale. 1965]
Description :  Contient une table des matières
Description :  Avec mode texte
Description :  Catalogues d'exposition
Droits  :  Consultable en ligne
Identifiant :  ark:/12148/bpt6k6456858c
Source  :  Bibliothèque nationale de France, département Recherche bibliographique, 2010-65298
Conservation numérique :  Bibliothèque nationale de France
Date de mise en ligne  :  04/07/2013


 


Escute, Zé-Ninguém! Reich, 50 Escute Zé Ninguém dados de presente! rs , kkkk, aprenderam alguma coisa? NÃÃÃÃOOOOO!

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