sábado, 9 de agosto de 2025

Nicolau Tolentino de Almeida, (Lisboa, 10 de setembro de 1740 – Lisboa, Mercês, 23 de junho de 1811) foi um poeta satírico português.

 


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 Nicolau Tolentino de Almeida (Lisboa, 10 de setembro de 1740 – Lisboa, Mercês, 23 de junho de 1811) foi um poeta satírico português. 
Era filho do Dr. José de Almeida Soares, Advogado da Casa da Suplicação de Lisboa, Familiar do Santo Ofício da Inquisição de Lisboa, e de sua mulher Ana Teresa Froes de Brito, nome da sua irmã, ambos naturais de Nossa Senhora da Piedade e / ou Nossa Senhora das Misericórdias, da vila de Ourém, neto materno de Lucas Gomes do Vale e de sua mulher Teresa Froes de Brito, filha de Manuel Barbosa Maciel e de sua mulher Mariana Froes de Brito e neta materna de João Froes de Brito e de sua mulher Maria Delgado, ele filho de Diogo Froes de Brito e de sua mulher Brites Sodré de Sampaio e neto paterno de Diogo Froes de Brito e de sua mulher Isabel Freire Carolas. 









A foto é somente ilustrativa, é sim o Palácio do Srs. Duques de Palmela, em Cascaes, só que não tem relação com Sr. Nicolau Tolentino de Almeida, ou D'Almeida.

 

Transcrição:

Nicolau Tolentino em presença de novos documentos

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Vamos agora ver como o dinheiro principiou a correr a jorros em casa de Nicolau Tolentino sempre famelico, sempre pedinchão, sempre com os bolsos atulhados de memoriaes, e com a penna prompta para os requerimentos, requerimentos e memoriaes em prosa é verso.

A 40 de setembro de 4790 obtinha Nicolau Tolentino o fóro de cavalleiro fidalgo. Não era isso como heje pura mercê honorifica, antes causa de despeza do que origem de receita. Um cavaleiro fidalgo recebia 750 réis por mez, e um alqueire de cevada por dia, pago a dinheiro. Segundo os calculos do sr. visconde de Sanches de Baena os alqueires de cevada valiam pouco mais ou menos 445000 réis, o que, junto com os 95000 réis da moradia davam ao nosso poeta uma receita de 305000 por anno, que lhe chegariam com toda a certeza para a renda da casa, se seresignasse a morar n'uma casa que não fosse de grande espavento.

A JL de agosto de 1793 era feito cavalleiro de Christo. Nenhuma importancia isso tinha como receita. Nicolau Tolenuno transitava simplesmente da ordem de S. Thiago para a de Christo, porque esta ultima, segundo parece, era mais conceituada n'esse tempo.

Prova isto apenas que Nicolau Tolentino tinha a requerimento-mania, Quando não pedia dinheiro, pedia mercés honorificas, e em não pedindo nem uma, nem outra coisa, pedia a transferencia da ordem de S. Thiago para a ordem de Christo.

Em 1801 obteve Nicolau Tolentino uma importante mercê, que foi a de poder imprimir gratuitamente as suas obras na Impressão Regia. Por esse mesmo tempo vendia Bocage quasi ao desbarato os seus admiraveis versos.

Esta mercê, no dizer do sr. visconde de Sanches de Baena, não rendeu ao poeta menos de doze mil cruzados. Parece que à informação foi colhida nas taes memorias manuscriptas da irmã de Tolentino.

Em 4803, jubilava-se como professor regio, logar em que provavelmente já estaria substituido por algum serventuario, e ficava vencendo annualmente a pensão de 2255000 réis.

Pois em 1804 fazia elle o seguinte requerimento, que vamos transcrever na integra, porque é na realidade um curiosissimo documento:

«Diz Nicolau Toleutino de Almeida que elle bm recorda a Vossa Alteza Real 16 annos de professor regio de rbetori. poetica, e vinte e tres em uflicial da secretaria dos negocies do reino, que, tendo-lhe ficado por falecimento de seu pae muitas irmãs e sobrinhas, sem terem absolutamente meios alguns de subsistencia, divide entre ellas o seu ordenado, é lhes procurou soccorros, entre os quaes foi o requerer a seu favor remuneração dos seus proprios serviços, que obtivera tenças, mercé que a calamidade dos tempos lhe tem feito pouco util, que, achando-se em idade avançada, 6 entrevendo e indigencia em que ficarão, principalmente suas duas irmãs, viuvas e uma donzella, com poucos meios de subsistirem a esses muito falliveis, recorra à paternal piedade de Vossa Alteza Real, apresentando Os seus seguodos serviços, tiscalisados e decretados na forma do regimento e pedindo humildemente que se digne remuneral-os com a mercé effectiva que fôr do seu real agrado, e sobrevivencia repartidaménto entre as suas tres irmãs, D Anna Thereza, D. Joaquina Thereza 6 D. Jeronyma Maxima, mercê que pouco aggravaria a real fazenda, porque duas ainda são de idade mais avançada do que o supplicante.

Portanto pede a Vossa Alteza Keal que, em remuneração dos ditos serviços, e muito principalmente por sua real Denaliocácia e seja servido concedel-o assim E. R. M.

Em presença d'esta choradeira, concedeu-lhe o principe regente cumpre por empenho do visconde dê Villa Nova da CerValias uma pensão de 2005000 réis com a sobrevivencia reclamada,

Sete annos depois morria Nicolau Tolentino, e deixava tostamento, que resava assim:

«O meu enterro sera feito ao arbitrio da minha testamenteia ou testamenteiros abaixo nomeados pela ordêm com que o são,

Mando que se digam 450 missas pela minha alma, de esmolas de 460 réis cada uma, a saber: 430 nas igrejas dos padres barbadinhos de Santa Apolonia e da Esperanca, e 20 aos do Hospicio dos padres de Jesus Nazareno da Penitencia na travessa

los Ladrões. Ê

Tostitao por minhas herdeiras a minha irmã D. Anna Thereza Froes de Brito e D. Joaquina Thereza Froes de Brito, estas nas duas partes de minha irmã, e aquelle na ontra terça parto

delle, e cuja herança se verificará depois de vagos os e mais spostõos mona determinei.

E, quando ao tempo da minha morte não sejam vivas as ditas minhas irmãs e herdeiras, ou alguma d'ellas, institão por meus berdeiros nas ditas duas partes a meus sobrinhos Luiz da Silva Coimbra, D. Maria do Carmo de Baena Coimbra, D. Maria Isabel de Baena Coimbra, todos filhos de meu sobrinho Francisco da Silva Coimbra, e esto da dita minha irmã, D. Joaquina Thereza Fróes de Brito, e a dita terça parte da mesma herança, e remanescente d'ella a meu sobrinho Gonçalo Jusé Maria, filho de outra minha irmã, D. Anna Thereza Fróes de Brito.

Nomeio por minha testamenteira em primeiro logar a dita minha irmã e herdeira D. Joaquina Thereza Fróes de Brito, e em segundo ao dito meu sobrinho, beneficiado Gonçalo José Maria

Deixo aos ditos meus segundos sobrinhos, filhos do dito meu sobrinho Francisco da Silva Coimbra, a saber-

A Luiz da Silva Coimbra sessenta mil a D. Maria do Carmo de Baena Coimbra cento e vinte mi a D, Maria Isabel de Baena Coimbra outros cento e vinte mil réis, e todos estes legados por uma só vez.

Deixo à minha creada Maria da Piedade cincoenta mil réis por uma só vez,

E d'este modo hei por findo e acabado este meu testamento, lero que valha como tal etc.»que o é de certo este testamento de um homem rico, mas tambem não é de um pobre. Distribúe em legados 3505000 réis, deixa para missas 245000, e de certo não fazia isto, ello que tanto se preoccupava com o futuro de suas irmãs, se lhes não podesse legar a ellas alguns contos de réis, ainda que fossem poucos.

Antes de proa goirimos diremos tambem que o requerimento feito por elle para obter uma pensão para suas irmãs prova que deixou de exercer o logar de professor regio logo que entrou na secretaria de Estado porque declara que servio 16 annos como professor de rhetorica, e vinte e tres como oficial de secretaria.

Como porem, se jubilou ao completar parece-nos que trinta e cinco danos de propriedade da cadeira, não diremos de serviço, mostra isto que teve de certo lá algum serventuario.

O testamento de Nicolau Tolentino é datado de 1808, Foi o tempo em que entraram com elle idéas sombrias, e em que o pensamento da morte naturalmente 0 assaltou.

Conta-nos efectivamente o sr. visconde de Sanches de Baena que a entrado dos francezes em Portugol o entristeceu profandamente.

E" honroso para elle este sentimento, e prova que no peito a'esse motejador pulsava no fim de tudo um eoração portuguez.

Tambem começava a fazer-se emtorno d'eile um certo vacuo. Sua irmã D. Rita morrera em vida de seu pae, mas das suas tres irmãs que mais o tinham acompanhado, Jeronyma morrera no recolhimento de Lazaro Leitão em 4807. Alem da parte na pensão que Nicolau Tolentino obtivera para suas irmãs em 1804, desfructava um rendimento de 305000 róis annuaes, resultado de uma tença que comprára em 4792.

Seu irmão Francisco de Paula morrera em 4799, sem deixar suecessão.

Finalmente a 4 de março de 1814 morreu sua irmã Anna, morte que mais ainda assombrou a sua existencia, e lhe carregou a melancholia.

Sobreviveu-lhe apenas sua irmã D. Joaquina, é foi esta juntamente com seu sobrinho Gonçalo Maria quem herdou os bens de Nicolau Tolentino. Dissemos atraz que não era natural que Nicolau Tolentino deixasse perto de quatrocentos mil réis de encargos sem ao mesmo tempo legar aos seus quantia que fosse superior a alguns contos de réis, e assim foi efectivamente. Sabemos, ainda pela memoria de sua irmã Joaquina, que esta recebeu à sua parte doze mi! cruzados. Ora como D. Joaquina herdava as duas terças partes dos haveres de seu irmão, segue-se que este reuuira à bonita somma de dezoito mil cruzados!

E um homem, que legava dezoito mil cruzados a pessoas que já tinham rendimentos proprios, ainda que não fossem muito avultados, tinha direito realmente para fazer aquelle estranho requerimento que transcrevemos, e para roubar perfeitamente a algum desgraçado servidor da patria, cuja familia houvesse ficado a morrer de fome, o pão que oblivera para a meza farta é luxuosa de suas irmãs?

E' revoltante; nada ha que desculpe a soffrega cubiça de Nicolau Tolentino, e é necessario que seja, como realmente é, enormissimo o talento do poeta, para que possâmos ler com gosto requerimentos e memoriaes, tão pouco dignos é tão faltos de razão.

D. Joaquim não morava com seu irmão. Este habitou com sua irmã D. Anna, nos ultimos tres annos da sua vida, n'uma casa da rua dos Cardaes de Jesus, que tinha ultimamente o n.º 25, e que pertence ao predio em que hoje habita o sr. Eduardo Coelho. A casa pertencia a um amigo do poeta, Fortunato da Silva, que morava no pavimento rente do chão. Alli falleceu o senhorio, antes do poeta morrer, mas a viuva D. Bri gida não se mudou, como se não mudou tambem o poeta depois da morte de sua irmã D.

a.

Atacado no dia 22 de junho de 1814 parece que por um volvo, é sentindo-se afflictissimo, correu a casa de D. Brigida, e alli expirou.

E Da casa em que morou e morreu com 74 annos Nicolau Tolentino restam ainda hoje dois arcos doricos piedosamente conservados pelo nosso ilustre collega o sr. Eduardo Coalho. 

Fonte: in /em 

A Illustração Portuguesa 07 de Fevereiro  de 1887 

 https://hemerotecadigital.cm-lisboa.pt/Periodicos/AIlustracaoPortuguesa_Semanario_1884_1890/1887/Fevereiro/N30/N30_master/AIlustPort1887FevN30.pdf

Ilustração Portuguesa [1903-1993] - Hemeroteca Digital de ...
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lllustração portugueza. Chaves, José Joubert, ed. lit. Existências: A. 1, n.º 1 (9 Nov. 1903)-a. 3, n.º 119 (12 Fev. 1906) S. 2, [n.º 1 (1906)]-s. 2, n.

https://hemerotecadigital.cm-lisboa.pt/OBRAS/IlustracaoPort/IlustracaoPortuguesa.htm

Ilustração Portuguesa [1906 | N.º 1 ao n.º 45] - Hemeroteca ...
http://hemerotecadigital.cm-lisboa.pt › IlustracaoPort
lllustração portugueza. Chaves, José Joubert, ed. lit. Existências: A. 1, n.º 1 (9 Nov. 1903)-a. 3, n.º 119 (12 Fev. 1906) S. 2, [n.º 1 (1906)]-s. 2, n.

 

A ilustracao portuguesa [1884-1890]
Hemeroteca Digital de Lisboa
https://hemerotecadigital.cm-lisboa.pt › 4_Ano
A illustração portugueza : semanario : revista litteraria e artistica. Existências: N.º prospecto (Jun. 1884)-a. 5, n.º 52 (Out. 1890)
 

https://hemerotecadigital.cm-lisboa.pt/OBRAS/IlustracaoPort/IP4.htm

https://hemerotecadigital.cm-lisboa.pt/Periodicos/AIlustracaoPortuguesa_Semanario_1884_1890/Web_AIlustPort_1884_1890/3_Ano.htm 

 https://hemerotecadigital.cm-lisboa.pt/Periodicos/AIlustracaoPortuguesa_Semanario_1884_1890/Web_AIlustPort_1884_1890/4_Ano.htm

https://hemerotecadigital.cm-lisboa.pt/Periodicos/AIlustracaoPortuguesa_Semanario_1884_1890/Web_AIlustPort_1884_1890/1_Ano.htm 

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Arvore Genealógica de Nicolau Tolentino de Almeida

 https://openlibrary.org/books/OL24346345M/Memorias_de_Tolentino_pelo_visconde_de_Sanches_de_Ba%C3%AAna

https://www.geni.com/people/Nicolau-Tolentino-de-Almeida/6000000220558300822https://archive.org/details/memoriasdetolent00sanc/page/n46/mode/1up?ref=ol 

 

Nicolau Tolentino de Almeida, cavalleiro fidalgo da Casa Real, cavalleiro professo das Ordens de Christo, e Sant'Iago, Sócio supranumerário / da Academia Real das Sciencias de Lisboa, " Official ordinário da Secretaria de Estado dos Negócios do Reino, Professor aposentado de Rhetorica e poética; nasceu a lo de setembro de 1740 e morreu (solteiro) a 22 de junho de 181 1. Vid. pag. 28 e seguintes


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